sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Haiti vivenciando um apocalipse

A história do Haiti é excessiva, desde o chicote colonial francês até os dias de hoje.
O verdadeiro terremoto foi a sua própria história, agora evidenciada mundialmente pelo sinistro geológico. Que segundo algumas fontes, é 35 vezes mais forte que a bomba atômica lançada sobre Hiroxima.
Hoje, em média, um haitiano vive com dois reais ao dia. Água potável, saneamento básico, hospitais, escolas, moradia... tudo luxo... agora tudo lixo.
O Haiti é a vítima da hora. Ele, apesar da comoção mundial, será ainda palco de disputa geopolítica, onde o que menos importa é sua população.
Qualquer situação, por pior que seja, está sujeita a agravamentos.
(silêncio)
Um Pouco da história
Cedido pela Espanha à França em 1697 em suas terras, ainda férteis, produzia cana de açúcar.
O processo ininterrupto de usurpação, que não acabou mesmo com sua independência em 1804.
As plantações de cana de açúcar, que fizeram à riqueza da França, haviam esgotado o solo, daí Napoleão entregou a ilha.
Sem terras férteis, sem possibilidade para cultivar, a república negra seguiu à deriva.
Os conflitos raciais inviabilizaram o Haiti. O país fechou-se em si mesmo.
Sua localização geográfica não ajudava, entre a Venezuela e os Estados Unidos e ao lado de Cuba, lugar de passagem.
Tornou-se “propriedade” dos Estados Unidos.
Da segunda metade do século 19 ao começo do século 20, vinte governantes alternaram-se no poder , 16 foram depostos ou assassinados.
O Haiti passou por uma sequência alucinada de crises. Em 1902 um guerra civil. De 1902 a 1908 uma ditadura. De 1915 a 1934 ocupado pelos Estados Unidos, sob o pretexto de não ter pago uma dívida. E proibido de vender cana de açúcar aos estrangeiros.
Os civis ocupam o poder de 1934 a 1957, e de crise em crise, Papa Doc implantou uma ditadura feroz, elegeu-se em 1957 presidente com o apoio dos americanos, com a Guerra Fria e a Revolução cubana, declarou-se presidente vitalício em 1964.
Doc, um Napoleão de hospício, desflorestou o país na fronteira com a República Dominicana para ter os inimigos sob mira.
O terremoto é fruto também de política predatória crônica em relação ao meio ambiente.
O país perdeu 98% de suas florestas. Nada se pode cobrar, o país nunca existiu de fato.
Seu filho Baby Doc permaneceu no poder até 1986, três anos antes da Queda do Muro de Berlim.
A ditadura dos Doc fez o país regredir 200 anos e sem açúcar.
Seguiram-se golpes de Estado, liderados pelos Doc até o padre Aristide eleger-se em 1990, mas 1991 é deposto.
A ONU e a OEA impuseram “sanções econômicas”. Os Estados Unidos e a Europa foram, ao longo do século 20, acabando com qualquer possibilidade de nação para o Haiti.
A ONU decretou em 1994, bloqueio total ao país. E as sanções americanas intensificadas. Em 1994 Aristide foi reempossado, em 2004 foi deposto.
Para controlar a situação tensa, a ONU aprovou o envio de uma força de paz. Liderada pelo Brasil.
Há três anos e meio, as tropas brasileiras estão no Haiti, trazendo jornalistas do Brasil e do mundo. Jornais, sites e televisão pipocam imagens do mais pobre país das Américas. As vozes desses pobres haitianos raras vezes foram ouvidas. O que pensam eles da ocupação militar? Sem escolta da ONU, uma equipe registrou o cotidiano da favela de Porto Príncipe. O resultado é um web-documentário que mostra, como vivem os moradores da favela ocupada pela ONU para acabar com grupos armados.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Paulo de Tarso

Paulo de Tarso é considerado o mais importante discípulo de Jesus, depois do Mestre, a figura mais marcante do Cristianismo. Era um fariseu culto. Paulo perseguiu os cristãos, com argumento da defesa da "tradição dos país". Foi a Damasco acabar com a agitação de um grupo de seguidores de Jesus. No Caminho viu uma luz no céu que o cercou, e uma voz lhe disse: "Saulo, Saulo, por que me persegues?. Paulo muda de lado e de nome. Julgado por Nero. Levado pelos guardas para fora da cidade e degolado. Uma lenda que no momento de sua execução, uma cega lhe ofereceu um véu, Paulo teria devolvido, e ela o colocou sobre os seus olhos e recobrou a visão. A festa de São Paulo é celebrada em 29 de junho, junto com a de São Pedro. Foi uma forma encontrada pela Igreja para homenagear, de uma só vez, os dois líderes máximos do cristianismo. I Coríntios é considerada a epístola mais poéticas. Nela é encontrada a famosa passagem sobre o amor genuino.

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.

A Tragetória do Mestre

Fontes
Os Evangelhos – Tudo que sabemos da vida de Jesus vem de narrativas dos "evangelhos". Seus autores não tinham a preocupação de documentar rigorosamente os acontecimentos, misturavam história, lendas e doutrinas, influenciados por antigas tradições judaicas, mitologias pagãs e correntes esotéricas. Há vários evangelhos, mas apenas quatro são aceitos pelas igrejas cristãs, os "canônicos", atribuídos a Marcos, Mateus, Lucas e João. Os demais foram considerados "apócrifos". Porém alguns vêm despertando interesse, o de Tomé. O evangelho mais antigo, o de Marcos, acredita-se ter sido redigido antes da destruição de Jerusalém, pois não há qualquer alusão a esse acontecimento.

A época
Jesus nasceu no território que corresponde hoje a Israel e Palestina, sob domínio romano. Antes disso por babilônios, persas e gregos. Herodes impôs seu reinado sobre o território que se estendia da Síria ao Egito. Foi chamado "o Grande" graças a um fabuloso programa de obras urbanísticas e arquitetônicas.
O governo de Herodes - Jerusalém e muitas outras cidades foram reurbanizadas à moda romana, cortadas de ponta a ponta por grandes avenidas, subdivididas por ruas formando ângulos retos e embelezadas com palácios, anfiteatros, jardins, destacando o suntuoso Templo de Jerusalém, o rei esperava conquistar a simpatia dos judeus, que o odiavam. O preço dessas edificações foi a extorsão do povo. Amedrontado pela idéia de perder o poder, Herodes cometeu todo tipo de crime. Com a sua morte no ano 4 a.C., o reino foi dividido entre seus 3 filhos Arquelau, Filipe e Herodes Antipas. Jesus nasceu no reinado de Herodes, viveu em territórios governados por seus filhos e morreu sob o poder do romano Pôncio Pilatos, procurador da Judéia entre 26 e 36 d.C. Um período conturbado na história do povo judeu, a cobrança de impostos, a opressão política e a influência estrangeira em assuntos religiosos. Na década de 60 d.C., 30 anos depois da morte de Jesus, o país explodiu em levantes contra o domínio romano, culminando em 70 d.C., a destruição de Jerusalém pelo exército de Tito.

A data
O nascimento de Jesus assinala o início da era cristã, porém houve um erro de cálculo cometido por Dionísio. Sabe-se hoje que Jesus nasceu antes do ano 1 (entre 8 e 6 a.C.), graças a uma narrativa de Lucas. O fato aconteceu na época do recenseamento de Roma. Esse censo realizado na Palestina, tinha por objetivo regularizar a cobrança de impostos. Os historiadores situam este período de 8 e 6 a.C.. O mais provável é 7 a.C, pois se deu um evento astronômico, como explica a narrativa de Mateu, ao mencionar a "estrela". Uma conjunção de Júpiter e Saturno que produziu no céu um ponto de brilho excepcional, que impressionou os astrônomos da época. Seriam os "magos do Oriente", de Mateus.
O festival pagão X a festa de Natal - 25 de dezembro é uma data simbólica, nesse dia ocorria em Roma o festival Solis Invictus (quando o percurso do Sol ocupa sua posição mais baixa no céu, voltando a ascender). Os cristãos associavam o sol a Jesus, transformar o festival do sol em Natal, foi um pulo.
A ascendência do Messias – Mateus e Lucas afirmam que Jesus nasceu em Belém. Belém era a cidade de Davi e, segundo a tradição, o Messias deveria surgir da descendência desse rei de Israel. Lucas oferece um bom argumento a favor de Belém: José, esposo de Maria, futura mãe de Jesus, pertencia a uma família originária de Belém e, a regra do senso exigia que o indivíduo se alistasse em sua cidade de origem.
O lugar onde Jesus nasceu - De passagem pela cidade, José e Maria procuraram onde se alojar. Lucas "não havia um lugar para eles na sala". Estando o local cheio, muitas pessoas para o senso, o casal se acomodou do lado de fora, talvez sob um alpendre, junto à manjedoura. Foi aí que Maria deu à luz.

A infância e a juventude
As primeiras letras – O analfabetismo era raro. Ao completar 13 anos, os meninos compareciam a sinagoga para ler o Torá. Jesus teve acesso a essa educação básica. Lucas narra, “o menino Jesus debate com os doutores do Templo”. João narra, "Como pode ser ele versado nas Escrituras, sem as ter estudado". Conforme narrativas evangélicas e conhecimento da sociedade judaica da época indicam que nem sua família era pobre nem sua instrução parou no nível elementar.
Jesus um rabino – “Rabino" como era chamado por seguidores em várias narrativas. Para se obter educação superior, era preciso participar dos círculos de rabinos ilustres. Paulo (que inicialmente perseguiu os seguidores de Jesus e depois se tornou o principal propagandista do cristianismo) recebeu esse tipo de instrução junto ao rabino Gamaliel, um dos maiores mestres da época. É possível que Jesus tivesse essa instrução, os evangelhos não fornecem nenhuma informação. Marcos e João narram um Jesus adulto. Mateus e Lucas traçam um breve retrato da infância e, daí, pulam para a idade adulta. Alguns apócrifos apresentam cenas infantis, narradas de forma fantasiosa. O resultado é uma lacuna de cerca de 20 anos na "biografia".
O jovem trabalhador – Marcos afirma que Jesus seguia o ofício de José “Não é este o carpinteiro, o filho de Maria”.

A língua
O idioma era o aramaico. Na sua época, o povo já não falava mais o hebraico, usado apenas nos ritos religiosos. O grego e o inglês. E o latim, o idioma do Império.

A aparência de Jesus
Os evangelhos nada dizem sobre a aparência de Jesus. E as primeiras imagens produzidas sob influência da arte romana, o mostravam como um jovem de cabelos frisados. No Egito, apresentaram Jesus de barba, longos cabelos repartidos ao meio.
O Santo Sudário – Tecido de linho, que, teria sido o lençol mortuário de Jesus. Usando uma técnica de superposição de imagens, foram obtidos 170 pontos de coerência com a face egípcia. 79 kg , 1,80 m, homem musculoso, com barba e cabelos longos, trançados abaixo do pescoço.

Jesus esotérico
Alguns evangelhos apócrifos atribuem a Jesus ensinamentos esotéricos. Estudiosos chegam a afirmar que muitas de suas narrativas são mais confiáveis do que as dos evangélicos canônicos. Ele foi portador de um conhecimento oculto que vem sendo comunicado à humanidade há muito tempo. Algumas passagens da vida de Jesus à luz do esoterismo. É arriscada uma afirmação taxativa. Mas, apenas como reflexão, é interessante.
Batismo - Após um período de 20 anos, do qual nada se sabe, ele iniciou sua atuação pública. Essa fase da vida foi precedida por um ritual adotado por várias tradições místicas. Batismo, prática utilizada pelos essênios, mas não só por eles, de maneira simbólica, submerso na água, "morre" para sua antiga existência e emergindo dela, "renasce" para uma vida nova.
Tentação - A prova de fogo do deserto. Jesus viveu outra experiência mística, jejuando 40 dias no deserto da Judéia. Sua função com o isolamento e privação, na qual ele seja levado a confrontar o lado sombrio de si mesmo. Mateus narra, que o Diabo assedia Jesus com três tentações: quebrar o jejum, transformar pedra em pão; atirar-se do alto do Templo para que os anjos o amparassem; adorar o Diabo, em troca do reinado sobre a Terra. Desviar Jesus da sua missão, levando a direcionar seus poderes para metas egoístas. Ele as rejeitou.
Círculo hermético - Suas ações e palavras atraíram grande número de pessoas. Três tipos de público: a grande massa (sinagogas e espaços coletivos), os discípulos (mantinha em freqüente contato), e o grupo mais restrito dos "doze". João informa que dois dos "doze" haviam sido discípulos de João Batista. Um exemplo de ensinamento destinado à multidão é o "Sermão da Montanha". Sentenças densas, encontradas em Tomé, e nos canônicos.
Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus - Essa inscrição foi afixada à cruz. Costuma ser interpretada como resumo da acusação feita a Jesus. Porém, à luz das especulações esotéricas, pode ter outro significado. "Nazareno" = habitante da cidade de Nazaré, "nazir" ou "nazireu" = indivíduo inteiramente consagrado a Deus, que, entre outras obrigações rituais, devia se abster de cortar os cabelos. Sansão, personagem do Antigo Testamento, era "nazir" e teria perdido temporariamente os poderes quando seus cabelos foram cortados.

Os partidos e as seitas na Galiléia
Jesus era judeu, e contracenou com os diversos grupos político-religiosos de Israel. Em vários momentos de sua atuação, ele divergiu desses partidos e seitas. Suas palavras não eram nada suaves, "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão".
Saduceus - Partido dos proprietários de terras, anciãos e, membros da elite sacerdotal. Representavam o poder, a nobreza e a riqueza. Controlava o Sinédrio, senado de Israel e, o Templo de Jerusalém. Negavam a imortalidade da alma, rejeitavam o Talmud e aceitavam o que estava escrito na Tora, cuja redação era atribuída a Moisés.
Escribas - Não estavam ligados a um segmento social específico, nem seita ou partido, porém desfrutavam de autoridade. Homens de grande sabedoria e influenciavam as decisões do Sinédrio. Reverenciavam a Torá, mas não se prendiam a uma leitura literal, reconhecendo nele uma dimensão esotérica.
Fariseus - Movimento com ramificações em todas as camadas sociais. Muito religiosos e formais, cumprindo minuciosamente as regras de pureza prescritas na Torá, em especial o Levítico. Ativos nas sinagogas e, censurados por Jesus, por se apegarem aos detalhes epidérmicos da Torá, enquanto negligenciavam seu conteúdo profundo. Jesus os chamou de "condutores cegos, que coais o mosquito e tragais o camelo!" Acreditavam na imortalidade da alma e na ressurreição do corpo. Eram nacionalistas, e aguardavam a vinda do Messias, que deveria libertar Israel da dominação romana.
Zelotas – Fariseus radicais pretendiam expulsar pelas armas os dominadores pagãos. Cometiam atentados contra o Império. Por isso, eram cruelmente perseguidos pelos romanos. Sua doutrina era um misto de religiosidade extremada e ultranacionalismo político. Entre os 12 discípulos, havia dois zelotas: Simão, o Zelota e Judas Iscariotes. Os zelotas depositaram esperanças na liderança política de Jesus. Mas, a amplitude e a profundidade da mensagem do mestre se chocaram com o caráter restrito, superficial e imediatista dos revolucionários zelotas. Isso talvez explique a traição de Judas.
Essênios - Puritanos que viviam em comunidades ultrafechadas. Acreditavam que eram os puros de Israel. Levavam uma vida extremamente rígida. Praticavam o celibato ou se casavam somente para perpetuar a espécie. Combatiam tanto os romanos quanto o poder concentrado no Templo, opondo-se ao sacrifício de animais. E aguardavam a vinda do Messias, que deveria liderar uma guerra santa para eliminar os pecadores e instaurar o reino dos justos. Cultivavam uma doutrina gnóstica. Praticavam o ritual do batismo. Apegados aos preceitos de pureza e ao seu próprio orgulho, os essênios se afastavam de um mundo supostamente corrompido para não se contaminarem. Jesus, ao contrário, transgredia regras e, mergulhava no mundo para transformá-lo.

O povo
Esperavam um guerreiro que os libertasse dos opressores. Jesus pregava o amor e o Reino de Deus na terra. Jesus foi identificado como o Messias por seus seguidores e na condição de Messias, ele foi recebido em Jerusalém, no início de sua última semana de vida. Mas os acontecimentos frustraram essa expectativa guerreira, nacionalista e monárquica. A frustração popular foi explorada pelos inimigos de Jesus, que o condenaram à morte. A prática de Jesus contestava as estruturas da sociedade e da religião da época. Ele não se apresenta como um reformista à maneira dos essênios, nem como observante da tradição como os fariseus, mas como um libertador profético. Jesus não se organizou para a tomada do poder político. Pois sempre considerou o poder político como tentação diabólica, porque implicava uma regionalização do Reino, que é universal.
A revolução de Cristo - Bastava libertar o país da dominação estrangeira, restabelecer a legitimidade política e tudo estaria resolvido. A revolução proposta por Jesus era um processo de longo prazo e profundo. Sua meta era realizar o "Reino de Deus" na Terra. João narra, Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.

A ação libertadora
Jesus golpeou o coração do poder, o Templo de Jerusalém.
A cobrança pelos sacrifícios – O clero assumiu o controle da vida nacional. A base econômica de seu poder eram os sacrifícios diários de animais e a cobrança de impostos realizados no Templo. Os animais a serem sacrificados passavam por um controle de qualidade, baseado nas regras de pureza estabelecidas no Levítico. Essa "peneira fina" barrava os animais trazidos pelos fiéis, que, em seu lugar, deviam comprar outros, vendidos nos pátios do Templo. “Por acaso” esses animais aptos eram criados pelas famílias sacerdotais. Os preços de acordo com a demanda. E disparavam na época das festas religiosas.
O comércio religioso - Os sacerdotes lucravam com a venda dos animais. Tiravam proveito da conversão do dinheiro utilizado no pagamento, as moedas correntes não podiam entrar no Templo, dinheiro "impuro", eram trocadas com ágio, “câmbio negro”. Ainda tinha o dízimo, todo judeu do sexo masculino, com mais de 20 anos, era obrigado a pagar. Não admira que os essênios, abominassem o sistema estruturado em torno do Templo. Quando Jesus virou as mesas dos cambistas e expulsou os vendedores de animais do Templo, ele “bateu de frente” com Sinédrio.

A condenação
O Sinédrio - Controlado pelas duas famílias sacerdotais mais poderosas de Israel, as de Anás e Caifás. Se reuniam nas dependências do Templo, na Sala da Pedra Talhada. A ele cabiam todas as decisões de natureza legal ou ritual. E sua autoridade se estendia às populações judaicas que viviam fora da Palestina. Era composto por 70 membros e presidido pelo sumo sacerdote. Foi essa instituição, de certo modo semelhante ao senado romano, que condenou Jesus.
A ameaça-Jesus - Sua existência remontava ao século 2 a.C. e encerrou-se em 66 d.C.. Também não eram bem vistos pela população, pelo fato da colaboração com os romanos. Seus chefes se sentiram ameaçados com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Eram ardilosos, aproveitaram o desapontamento popular causado pela recusa de Jesus em assumir o papel de líder messiânico. Traído por Judas e preso pelos soldados de Caifás, o mestre foi levado a uma masmorra e cruelmente espancado.
Pôncio Pilatos – Mateus narra, o Sinédrio condenou Jesus à morte sob a acusação de "blasfêmia", mas eles não tinham autoridade para executar o condenado. Por isso Caifás encaminhou Jesus a Pôncio Pilatos. Para a mentalidade pragmática de um procurador romano, a acusação, de caráter religioso, não fazia o menor sentido. Daí a hesitação de Pilatos em ratificar a sentença. Numa época de fermentação política, os romanos crucificavam milhares, na repressão ao levante do ano 4 d.C., dois mil judeus foram crucificados. Ao seu olhar insensível, Jesus era apenas mais um. Por que se indispor com o Sinédrio?

A jornada para o martírio
A cruz - Ela não era alta e imponente, era baixa, acanhada, insignificante. Para acomodar-se nela, a vítima era pregada com os joelhos dobrados. Havia um fenda onde a vítima podia se sentar, para impedir que os pulsos rompessem devido à ação do peso.
Os ferimentos – Jesus carregou a barra horizontal, pesada o suficiente para ter provocado hematomas nas costas. A imagem do Sudário mostra, sinais de 90 a 120 ferimentos causados pelo açoite, 72 perfurações na cabeça, produzidas pela "coroa" de espinhos. Os pregos, uns 18 centímetros, ele não foi fixado pelas mãos e sim pelos pulsos. Nas mãos, estas teriam rasgado com o peso do corpo. Um terceiro prego, juntando os dois pés, completava a fixação.
Morte por asfixia - Na cruz, os braços altos dificultavam a respiração, os líquidos se acumulavam nos pulmões, morte por asfixia. Para tomar fôlego durante a agonia, as vítimas erguiam-se várias vezes de seus assentos, sustentando-se nos três pregos. Por isso, após horas de suplício, suas pernas eram quebradas, de modo a acelerar a morte. A análise do Sudário mostra que esse procedimento não ocorreu no caso do homem cuja imagem ficou gravada no tecido. A estocada de lança, um golpe de misericórdia, perfurou o peito, ele já estava morto.

Presságios e acontecimentos extraordinários
Era comum os crucificados sobreviverem por até três dias. Talvez devido às terríveis torturas que sofreu na casa de Caifás e entre os soldados romanos, Jesus morreu em apenas seis horas. Os evangelhos narram acontecimentos, que teriam pontuado essas horas dramáticas. Mateus narra, "desde a hora sexta até a hora nona", isto é, do meio dia as três da tarde, "houve treva em toda a terra". Quando Jesus exalou o último suspiro, "o véu do Santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as rochas se fenderam". Se as trevas mencionadas corresponderem a um eclipse, a morte de Jesus deve ter ocorrido no ano 30 d.C., quando se deu um evento dessa natureza. Considerando que Jesus nasceu entre os anos 8 e 6 a.C., ele deve ter vivido então de 36 a 38 anos.

A ressurreição
Para os discípulos e outros que acreditaram nele, a morte de Jesus foi um golpe demolidor. Surpresos com a rapidez dos acontecimentos, aturdidos com um desfecho que contrariava suas expectativas, amedrontados com a possível repressão, eles certamente sentiram o chão ceder debaixo dos pés. Que perplexidade, que angústia, que desalento! No entanto, toda essa angustia se refez com a notícia da ressurreição.
O sepulcro vazio - Visto pelas mulheres que foram visitá-lo na manhã do terceiro dia e a aparição aos discípulos. O Mestre em carne e osso. A narrativa é muito sumária em Marcos e Mateus e bem mais extensa e inspiradora em Lucas e João. O texto dos Atos dos Apóstolos, uma obra também atribuída a Lucas, fixa em 40 dias o tempo de permanência de Jesus ressuscitado na Terra. O evangelho gnóstico Pistis Sophia prolonga a estadia para 11 meses e apresenta ensinamentos esotéricos. Os canônicos afirmam que os discípulos não reconheceram Jesus num primeiro momento. E o fazem aparecer e desaparecer de cena misteriosamente. Certas correntes do cristianismo interpretaram esses dados como indícios de que o mestre voltara a Terra num corpo sutil. No entanto, em Lucas, o próprio Jesus insiste na materialidade de seu corpo "Vede minhas mãos e meus pés: Sou eu! Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho".
A ressurreição à luz das religiões orientais - O mistério da ressurreição certamente escapa à capacidade interpretativa da ciência atual. Mas a idéia da transmutação do corpo físico e da conquista da imortalidade não é estranha a antigas tradições espirituais como o shivaísmo indiano e o taoísmo chinês. Embora extremamente rara, essa possibilidade estaria no horizonte de todo ser humano. E teria sido alcançada pelos siddhas (perfeitos).

domingo, 10 de janeiro de 2010

Tentação no Deserto

Jesus foi para o deserto onde ficou em oração. Nestes dias, no recolhimento espiritual, foi tentado por algum espírito ruim, ou forças negativas.

1ª tentação: “Não comeu nada nestes dias e, depois disso, sentiu fome. Então o diabo disse a Jesus: “Se Tu és o Filho de Deus, manda que esta pedra se torne pão.” Jesus respondeu: "Nem só de pão vive o homem." (Mateus 4: 3,4)

Jesus tinha um objetivo e fazia um sacrifício para atingir. Foi uma cilada para Jesus se mostrar orgulhoso e usar seu poder, Jesus entende e coloca a vontade de Deus acima de qualquer desejo. Ele não quiz provar nada para ninguém.

2ª tentação: Jesus está no alto de uma montanha. De lá pode-se ver o horizonte e imaginar toda a extensão de terra que forma os mais diversos reinos. O “demônio” diz: “Eu te darei todo poder e riqueza destes reinos, porque tudo isto foi entregue a mim, e posso dá-lo a quem eu quiser. Portanto, se ajoelhares diante mim, tudo isto será teu." Jesus respondeu: “Você adorará o Senhor seu Deus e somente a Ele servirá.” (Mateus 4: 6,8)

A proposta do poder. Mas Jesus disse: Não. Ele decidiu o caminho que Deus lhe reservou. Revelar as verdades fundamentais da vida, contribuir para a evolução espiritual do mundo, servir de exemplo positivo de amor e bondade.

3ª tentação: Jesus estava em Jerusalém, na parte mais alta do Templo. O “demônio” Lhe disse: “Se Tu és Filho de Deus, joga-Te daqui para baixo. Por que a escritura diz: “Deus ordenará a teus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado. Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.” Mas Jesus respondeu: A Escritura diz: “Não tente o Senhor teu Deus.” (Mateus 4: 9,12)

Deus protege aqueles que seguem o caminho correto. Se sucumbisse a tentação estaria colocando Deus à prova. E devemos confiar em Deus. Se Jesus saltasse e saísse vivo, com certeza seria aclamado como alguem poderoso. Jesus sabia que todo poder é ilusão. Jesus conhece a verdadeira fé.

Mateus escreve que depois destas tentações o “demônio” foi embora para voltar em um momento mais oportuno. É provável que Jesus tenha sido tentado outras vezes. Nós também somos, principalmente pelo nosso egoísmo, sede de poder, ambição, vaidades. Possuímos um “demônio” interior que tenta nos distanciar do caminho do bem. Por isto. “orai e vigiai”.

A Transfiguração de Jesus

“Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transformou diante deles: o seu rosto brilhou como o Sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisso lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra, e disse a Jesus: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para Ti, uma para Moisés e outra para Elias.” Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa cobriu-os com sua sombra". (Mateus 17:1, 5).

Neste episódio Jesus irradiava energia e mantinha contato com os espíritos de Moisés e Elias, e de alguma forma eles se tornaram visíveis. A passagem de Jesus pela Terra é marcada por fenômenos difíceis de serem entendidos, mas seus ensinamentos são eternos, e que os seres humanos terão que evoluir muito para conseguir entender tudo o que aconteceu nestes 33 anos de vida, vida de exemplos, atitudes e compromisso.

Jesus no monte das Oliveiras

Jesus e os discipulos foram para o monte das Oliveiras, Jesus disse "Rezem para não caírem na tentação." Afastou-se e começou a rezar. "Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua!". Apareceu um anjo que o confortava. Tomando de angústia, Jesus rezava com mais insistência. Seu suor se tornou como gotas de sangue. Foi para junto dos discípulos, e os encontrou dormindo, vencidos pela tristeza. E perguntou "Por que vocês estão dormindo? Levantem e rezem, para não caírem na tentação."

A situação emocional de Jesus nos momentos que antecederam a sua prisão, tortura e crucificação. Jesus sabia do sofrimento que iria enfrentar, entrou em agonia, seu stress teria sido tão grande, a fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, um grande medo, uma angústia terrível, que ele teria chegado a suar sangue.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Precisamos de Jesus

Não escrevo este texto na condição de me achar uma pessoa diferente. Longe, muito longe disso. Escrevo para mim. Cutucar feridas é bom para não esquecer. Acredito que podemos melhorar o mundo, melhorando como pessoa. Ele não precisa ser como está. Nem nós. Jesus veio e deixou um roteiro seguro, Ele conhece nossa ignorância. Precisamos de Jesus.

Não temos conseguido ser mais felizes que nossos avós. Já não se anda descalço, se senta a beira da porta, se respira ar puro, se come alimentos frescos. A medicina avança, mas estamos doentes e viciados em remédios. A guerra bacteriológica taí. Apesar das diversões e descanso, estamos sobrecarregados e cansados. As guerrilhas se espalham. Quase tudo é por e-mail. A Internet que tanto serve para aliviar a solidão e ampliar o conhecimento, serve para espalhar preconceito, violência, promiscuidade. Não há paz duradoura. Ainda se paga para que o garçom sirva melhor, propina para o guarda não registrar um avaço de sinal, contramão. Mais de 800 milhões de pessoas passam fome. Prevalece a cultura do achado não é roubado, do negar até morrer. Mata-se por nada. Bala perdida não dá mais ibope, agora são crimes hediondos, dos filhos que matam pais, homens bomba. No século da fisica quântica, genoma humano, biotecnologia, cresce a pedofilia, drogas, suicidio, exploração sexual. A mídia é ditada pelo interesse politico. Ainda se joga lixo nas ruas, rios, praias. Confunde-se beleza com corpo. Obrigado, com licença, desculpe, palavras quase em desuso. Fé, só se ora pra pedir, pedir e pedir. Esse é nosso mundo. Estamos com medo de sair de casa, desconfiamos uns dos outros.