sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Haiti vivenciando um apocalipse

A história do Haiti é excessiva, desde o chicote colonial francês até os dias de hoje.
O verdadeiro terremoto foi a sua própria história, agora evidenciada mundialmente pelo sinistro geológico. Que segundo algumas fontes, é 35 vezes mais forte que a bomba atômica lançada sobre Hiroxima.
Hoje, em média, um haitiano vive com dois reais ao dia. Água potável, saneamento básico, hospitais, escolas, moradia... tudo luxo... agora tudo lixo.
O Haiti é a vítima da hora. Ele, apesar da comoção mundial, será ainda palco de disputa geopolítica, onde o que menos importa é sua população.
Qualquer situação, por pior que seja, está sujeita a agravamentos.
(silêncio)
Um Pouco da história
Cedido pela Espanha à França em 1697 em suas terras, ainda férteis, produzia cana de açúcar.
O processo ininterrupto de usurpação, que não acabou mesmo com sua independência em 1804.
As plantações de cana de açúcar, que fizeram à riqueza da França, haviam esgotado o solo, daí Napoleão entregou a ilha.
Sem terras férteis, sem possibilidade para cultivar, a república negra seguiu à deriva.
Os conflitos raciais inviabilizaram o Haiti. O país fechou-se em si mesmo.
Sua localização geográfica não ajudava, entre a Venezuela e os Estados Unidos e ao lado de Cuba, lugar de passagem.
Tornou-se “propriedade” dos Estados Unidos.
Da segunda metade do século 19 ao começo do século 20, vinte governantes alternaram-se no poder , 16 foram depostos ou assassinados.
O Haiti passou por uma sequência alucinada de crises. Em 1902 um guerra civil. De 1902 a 1908 uma ditadura. De 1915 a 1934 ocupado pelos Estados Unidos, sob o pretexto de não ter pago uma dívida. E proibido de vender cana de açúcar aos estrangeiros.
Os civis ocupam o poder de 1934 a 1957, e de crise em crise, Papa Doc implantou uma ditadura feroz, elegeu-se em 1957 presidente com o apoio dos americanos, com a Guerra Fria e a Revolução cubana, declarou-se presidente vitalício em 1964.
Doc, um Napoleão de hospício, desflorestou o país na fronteira com a República Dominicana para ter os inimigos sob mira.
O terremoto é fruto também de política predatória crônica em relação ao meio ambiente.
O país perdeu 98% de suas florestas. Nada se pode cobrar, o país nunca existiu de fato.
Seu filho Baby Doc permaneceu no poder até 1986, três anos antes da Queda do Muro de Berlim.
A ditadura dos Doc fez o país regredir 200 anos e sem açúcar.
Seguiram-se golpes de Estado, liderados pelos Doc até o padre Aristide eleger-se em 1990, mas 1991 é deposto.
A ONU e a OEA impuseram “sanções econômicas”. Os Estados Unidos e a Europa foram, ao longo do século 20, acabando com qualquer possibilidade de nação para o Haiti.
A ONU decretou em 1994, bloqueio total ao país. E as sanções americanas intensificadas. Em 1994 Aristide foi reempossado, em 2004 foi deposto.
Para controlar a situação tensa, a ONU aprovou o envio de uma força de paz. Liderada pelo Brasil.
Há três anos e meio, as tropas brasileiras estão no Haiti, trazendo jornalistas do Brasil e do mundo. Jornais, sites e televisão pipocam imagens do mais pobre país das Américas. As vozes desses pobres haitianos raras vezes foram ouvidas. O que pensam eles da ocupação militar? Sem escolta da ONU, uma equipe registrou o cotidiano da favela de Porto Príncipe. O resultado é um web-documentário que mostra, como vivem os moradores da favela ocupada pela ONU para acabar com grupos armados.

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